Fala tu, Alex Mesquita
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Fala tu, Alex Mesquita

Alex Mesquita
Rio de Janeiro, Brasil.

Bartender de carreira, mixologista e técnico químico de bebidas, pós-graduado profissional em 2000 pela Universidad del Cocktail, em Buenos Aires. Embaixador global da Cachaça Leblon.
Com mais de 15 anos de experiência no mercado, seu trabalho está sendo renovado diariamente com a busca de formação e atualização constantes. É atualmente um dos bartenders mais influentes na América Latina, e é referência no assunto no Brasil.

 

Antes de se tornar um mixologista, você treinava para ser jogador de futebol. Conta um pouquinho como foi essa transição: o que motivou a mudança e como foram seus primeiros anos de profissão.

Acredito que todo jovem adolescente se aventurando em alguma carreira supõe que pode jogar futebol, e foi o que aconteceu comigo. Aos 14 anos eu jogava bola no Aterro do Flamengo quando fui convidado pelo time do hotel Glória – onde meu pai trabalhava – para fazer parte da equipe de jogadores. Como eu era menor de idade eu não podia trabalhar, então não pude aceitar. No entanto, acabei sendo visto por um olheiro que me levou até o meu primeiro time, o América Futebol Clube, com sede em Vila Isabel. O América foi onde comecei de fato a treinar como amador, nas categorias de base. Quando cheguei ao clube eu estava no segundo ano do infantil, onde fiquei por mais um ano; depois fui para a categoria juvenil, onde joguei por mais um ano, e depois fui transferido para o Fluminense. Chegando lá fui direto para o juniores. Continuei jogando futebol, mas devido a algumas lesões no joelho e a um acidente de carro acabei encerrando a minha carreira aos 22 anos. Fiquei muito chateado com essa aposentadoria precoce.

Muito triste e sem saber o que fazer, até mesmo porque os meus estudos haviam sido interrompidos e eu tinha trancado a minha faculdade de marketing, resolvi mudar de carreira, mas estava com tudo muito indefinido. Lembro-me que um belo dia assisti o filme Cocktail (com o Tom Cruise), e a partir desse momento tudo mudou na minha vida. Lembro também que me identifiquei 100% com personagem, e resolvi moldar o meu futuro.

Na época fui criticado por todos da minha família, que não acreditaram quando disse que começaria a estudar bebidas. Após ver o filme e buscar vídeos na internet (o que na época era muito difícil, já que estou me referindo aos anos 1990), acabei descobrindo um curso de bartender em São Paulo e fui para lá estudar durante um mês na escola do Bertone (o bartender Bertone Mancini). Ele, depois de trabalhar na destilaria da Jack Daniel’s em Tennesse, retornou a São Paulo, abrindo a Bertones Bartenders, famosa por treinos em flare (arte de fazer malabarismo com copos e coqueteleiras, tendência depois do filme Cocktail), e se tornou embaixador da Jack Daniel’s no Brasil.

Durante o período que fiquei em São Paulo fiz novas amizades e conheci outros profissionais que me incentivaram a ir para Buenos Aires, país de onde vinham sete dos dez melhores bartenders do mundo naquela época. Fiquei mais feliz ainda e entusiasmado com a possibilidade me profissionalizar, e foi o que aconteceu.

Fui para Argentina em 1994, onde estudei durante cinco anos na Universidad del Cocktail, em Buenos Aires, eleita por muitos barmen de todo o mundo como a melhor escola para bartenders dos últimos 20 anos.


Você é um entusiasta de jovens profissionais. Qual a importância de ensinar os mais novos e de descobrir novos talentos?

A importância de ensinar os mais novos é a de compartilhar nosso conhecimento, já que trabalhar com bebidas etílicas exige grande responsabilidade e profissionalismo. Foi essa base profissional que aprendi em Buenos Aires, e que me deu todo o suporte que tenho hoje. A importância de descobrir jovens talentos e novos profissionais é a de movimentar o mercado. Ele precisa de renovação. Além disso aproveito para conhecer as novidades dos jovens profissionais, que de outro modo demorariam a ser descobertas pelo público.


Como você acha que essa rede de apoio e incentivo pode se estender além do bar?

Infelizmente no Brasil o Ministério da Educação e Cultura não dá nenhum tipo de apoio e suporte para a profissão, mas acredito que ainda teremos escolas realmente capacitadas para formação desse segmento. Um futuro promissor será quando essas escolas certificadas com cursos extensos de formação forem uma realidade.


O que é uma boa noite de trabalho para você?

Uma boa noite de trabalho do meu ponto de vista é aquela em que conseguimos servir boa parte do nosso cardápio incluindo as inúmeras criações que sugerimos e que todos os clientes possam entender perfeitamente nossas motivações e estratégias. Sabemos que gosto é subjetivo, e é sobre ele que os clientes fazem a suas opções de bebidas.


Quais os próximos passos? O que você ainda quer conquistar?

Meus próximos passos são continuar trabalhando com a cachaça Leblon no Brasil e no mundo, e elevar o nível de conhecimento dentro dessa categoria premium, que ainda é muito discriminada no nosso país. Eu também quero continuar dando suporte aos mais novos.

Com relação o que ainda quero conquistar, talvez no futuro ter o meu próprio bar e poder voltar a atender as pessoas da melhor maneira possível, e continuar expandindo a minha criatividade para os clientes.


O que de mais valioso você leva da sua vida profissional?

É saber que comecei do zero e dentro dessa maravilhosa carreira aprendi muito e todos os dias continuo aprendendo. Aprendizado e disciplina!


Qual o seu maior legado?

Compartilhar sempre! Espero que todos os profissionais que curtem o meu trabalho possam compartilhar conhecimento a todo o momento e explorar mais a nossa cultura etílica brasileira.

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